Gaspar Gomes [1877/1879]

19. Gaspar Gomes

O 19.º Presidente da Sociedade, Gaspar Gomes, foi licenciado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, doutorado pela Universidade de Bruxelas e fez toda a carreira profissional nos Hospitais de Lisboa.

Foi Lente Jubilado de Zootecnia e de Matéria Médica no Instituto de Agricultura e Veterinária de Lisboa.

Dirigiu a enfermaria de crianças do Hospital de Dona Estefânia desde a sua fundação.

Foi agraciado com várias comendas nacionais e estrangeiras e nomeado conselheiro de Estado e Médico da Real Câmara, o que lhe deu considerável notoriedade pública.

Bento de Sousa [1875/1876]

18. Bento de Sousa

Manuel Bento de Sousa foi um famoso clínico, cirurgião, anatomista, primoroso escritor com elevada faceta de polemista e, por fim, agricultor.

O órfão de dois anos, recolhido pelos Condes de Murça que lhe proporcionaram esmerada educação, nunca esqueceu, ao longo da vida, a carência afectiva inicial. Sentia o meio mesquinho e não estimulante, o que o teria levado a escrever A Parvónia.

Arrastou um gradual desânimo que adicionado a razões de saúde poderão justificar a longa vivência final em Azeitão durante dezassete anos. Com efeito, o uso de ácido fénico então corrente no penso de Lister desencadeava e agravava a sua enxaqueca crónica.

Afastou-se então dos actos cirúrgicos tendo trocado a sua cadeira de Cirurgia pela de Anatomia em 1881, que só regeu durante um ano.

Mas o polemista retirado em Azeitão ainda dedicou dezenas de páginas à «Epidemia extravagante» de 1894, contestando vivamente, como colerista, as conclusões de Câmara Pestana sobre o agente responsável pela epidemia.

Este ilustre cirurgião atingiu o maior prestígio e autoridade clínicas do seu tempo. Todavia os poucos trabalhos científicos que o consagram até hoje são de Anatomia (sem dissecção), com cariz anátomo-fisiológico.

Uma pura elaboração intelectual, sem confirmação prática, conduziu-o à descoberta da função gustativa do nervo intermédio de Wrisbreg.

Com o clínico afamado coexistiu o literato d'A Parvónia, quadro caricatural dos costumes da Capital, e d'O Doutor Minerva, crítica humorística ao ensino da História de Portugal.

António Maria Barbosa [1870/1872]

17. António Maria Barbosa

António Maria Barbosa deu uma grande contribuição para as actividades da Sociedade das Ciências Médicas, em momento difícil da sua história. Desempenhou funções diversas por quase duas décadas e foi eleito Presidente (17.º), com mandato de 1870-72.

Teve uma brilhante carreira hospitalar e académica após cursar a Escola de Lisboa, sempre com elevadas classificações, obtendo «carta de médico-cirúrgião» em 1850. Operador muito hábil, cedo adquiriu fama pelas suas intervenções cirúrgicas e pela introdução de muitas técnicas, que representaram progressos científicos de muita valia para a época.

Quando estudante fez experimentar em si próprio a «eterização» como processo anestésico, vindo a publicar os resultados das «impressões sentidas» numa revista farmacêutica e, com isso, influenciando cirurgiões como Teotónio da Silva e outros. A sua carreira de cirurgião foi brilhante, atingindo o lugar de Director de enfermaria, sete anos após a licenciatura, por falecimento de Alves Branco, e o lugar de Lente proprietário na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa dois anos mais tarde.

A sua intervenção na doença da Rainha D. Estefânia acentuou a relevância pública que lhe era atribuída como clínico e levou à sua nomeação como médico do Paço. O prestígio de António Maria Barbosa cruzou fronteiras, recebendo convites para integrar, por distinção, numerosas sociedades científicas europeias, e também galardões e comendas de grande prestígio.

Professor considerado, hábil cirurgião, autor de obra vasta e valiosa, António Maria Barbosa foi, tal como lembrou Manuel Bento de Sousa, «um confrade que muito honrou a arte e a pátria».