Vencedores dos Prémios Pfizer 2018 (62ª edição): avanços na investigação de novos antibióticos e na área do cancro gástrico

Duas investigadoras portuguesas são este ano as grandes vencedoras da 62ª edição dos Prémios Pfizer – os mais antigos galardões na área da Investigação Biomédica atribuídos em Portugal, com o objetivo de contribuir para a dinamização da investigação em ciências da saúde no nosso País.


A investigação liderada por Mariana Gomes Pinho, do ITQB da Universidade Nova de Lisboa, na área de novos antibióticos contra as denominadas super-bactérias foi indicado pelo júri da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa com o PRÉMIO PFIZER 2018- INVESTIGAÇÃO BÁSICA.
O PRÉMIO PFIZER 2018- INVESTIGAÇÃO CLÍNICA foi atribuído à equipa coordenada pela investigadora Céu Figueiredo numa parceria da Universidade do Porto, i3s e Ipatimup, que este ano publicou um trabalho de grande relevância científica a nível internacional sobre o cancro gástrico, umas das patologias com maior incidência no nosso País.
Este ano a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa recebeu mais de 80 candidaturas, um dos melhores registos de sempre.

PRÉMIO PFIZER 2018 – INVESTIGAÇÃO BÁSICA| "Peptidoglycan synthesis drives na FtsZ treadmilling-independent step of cytokinesis" VER VÍDEO

Na categoria de investigação básica, o projecto vencedor é assinado pela equipa da investigadora Mariana Gomes Pinho, do ITQB da Universidade Nova de Lisboa, que já este ano mereceu destaque na revista Nature, e debruça-se sobre a possibilidade dos futuros antibióticos se focarem na divisão celular. Esta investigação pretende contribuir para a descoberta de novos antibióticos que combatam as denominadas super-bactérias no meio hospitalar que podem vir a matar mais de 300 milhões de pessoas nos próximos 35 anos.

A equipa de Mariana Gomes Pinho usou como bactéria modelo a Staphylococcus aureus, uma bactéria resistente que causa frequentemente infeções hospitalares. Esta é também uma das bactérias resistentes a antibióticos que coloca Portugal entre países com mais casos na União Europeia.

Este trabalho demonstra como o estudo da resistência das bactérias e da sua divisão celular poderá levar a uma nova forma de pensar os antibióticos. As bactérias patogénicas dividem-se e multiplicam-se rapidamente no corpo humano causando doenças e infeções. A bactéria demora 30 minutos para se dividir em duas e em 12 horas registam-se 16 milhões de bactérias produzidas em constantes divisões/multiplicações.

"A longo prazo, penso que este conhecimento poderá contribuir para o desenvolvimento de novos antibióticos", afirma Mariana Gomes Pinho, sendo estes aplicados diretamente sobre o processo de divisão celular evitando que a mesma aconteça.


PRÉMIO PFIZER 2018- INVESTIGAÇÃO CLÍNICA | "Gastric microbial community profiling reveals a dysbiotic cancer-associated microbiota" VER VÍDEO

O projeto distinguido na categoria de investigação clínica, atribuído à equipa da investigadora Céu Figueiredo, numa parceria da Universidade do Porto, i3s e Ipatimup, foi este ano publicado na prestigiada revista de gastroenterologia Gut. A investigação demonstra que as bactérias no estômago dos doentes com cancro gástrico são completamente diferentes das presentes em doentes que têm apenas inflamação crónica do estômago.

O estudo envolveu numa fase inicial 135 doentes portugueses e os resultados foram posteriormente validados em populações de diversas localizações geográficas, num total de cerca de 300 doentes. A descoberta da alteração do perfil bacteriano no estômago ao longo do desenvolvimento da doença, poderá vir a ser clinicamente relevante no seguimento dos doentes com lesões pré-cancerosas e contribuir para a prevenção do cancro do estômago, um dos cancros com maior incidência e dos mais mortais no mundo, sendo responsável por um milhão de novos doentes por ano.

O estudo permitiu concluir que nos doentes com cancro do estômago, as bactérias presentes têm potencial genotóxico, ou seja, têm capacidade de produzir substâncias químicas capazes de causar danos ao DNA das células humanas. 

"Portugal conta com o maior número de mortes por cancro do estômago da União Europeia e é o 6º país a nível mundial. Por isso estamos em crer que os avanços que foram feitos durante o desenvolvimento desta investigação poderão ter impacto na redução da taxa de novos casos", acrescentou Céu Figueiredo.

 

PRÉMIOS PFIZER - 62 ANOS AO SERVIÇO DA INVESTIGAÇÃO BIOMÉDICA

Os Prémios de Investigação Pfizer resultam de uma parceria entre a Pfizer e a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, com o objetivo de contribuir para a dinamização da investigação em ciências da Saúde em Portugal.

Instituídos em 1956, os Prémios Pfizer distinguem os melhores trabalhos de investigação básica e clínica, elaborados total ou parcialmente em instituições portuguesas por investigadores portugueses ou estrangeiros e conferem anualmente um prémio monetário no valor de 20.000 euros para cada um dos projetos vencedores em cada área. Ao longo destes anos, os Prémios Pfizer foram atribuídos a cerca de 700 investigadores, tendo sido premiados 225 trabalhos.

Desde o início, os Prémios Pfizer têm marcado de uma forma positiva a investigação que se faz em Portugal e afirmam-se como um incentivo aos jovens investigadores, abrindo a porta para uma carreira científica.

No passado, já receberam esta distinção reputados investigadores portugueses como João Lobo Antunes (1960 e 1969), António Damásio (1974), Alexandre Castro Caldas (1974, 1976 e 1999), Maria Carmo-Fonseca (1981, 1987, 1989, 1995, 2002 e 2011), Miguel Castelo Branco (2005 e 2006), Miguel Soares (2009), Mónica Bettencourt Dias (2007 e 2012), Bruno Silva-Santos (2009), Henrique Veigas-Fernandes (2014), Maria Manuel Mota (2017), entre tantos outros investigadores.

 

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